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26 de Junho - Dia Internacional da Prevenção ao Uso Prejudicial de Álcool e outras Drogas


Data de Publicação: 26 de junho de 2025


O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), através de seu Eixo de Políticas sobre álcool e outras Drogas vem referenciar o dia 26 de junho marca o Dia Nacional de Combate às Drogas, uma data que, mais do que reforçar discursos institucionais de enfrentamento ao uso de substâncias psicoativas, convida a sociedade — e, em especial, os profissionais da Psicologia — a refletirem criticamente sobre os sentidos e impactos históricos desse “combate”.


É necessário perguntar: a que tipo de droga se combate? E, sobretudo, a quem se combate? Ao longo das últimas décadas, a chamada “guerra às drogas” tem se revelado, mais do que uma política de saúde pública, uma estratégia de controle social que recai desproporcionalmente sobre populações vulnerabilizadas. Trata-se de um enfrentamento que tem cor, classe e território — atingindo, de forma sistemática, corpos negros, periféricos, empobrecidos e estigmatizados.


Sob o pretexto de combater substâncias, o que se institucionalizou, foi uma lógica de repressão e exclusão. A consequência disso é a violação sistemática de direitos fundamentais, como o direito à liberdade, à saúde, à moradia, à educação e à vida digna. O encarceramento em massa, as abordagens violentas, as internações involuntárias e os espaços de reclusão pseudoterapêuticos — ainda presentes sob roupagens “modernizadas” — demonstram que, em muitos contextos, o cuidado foi substituído pela coerção.


Nesse cenário, é urgente questionar: qual é o papel da Psicologia? Como a profissão, e ciência, comprometida com o cuidado, com a escuta qualificada e com os Direitos Humanos, pode se aliar a práticas que reproduzem exclusão, violência e silenciamento? Como se justifica, à luz da Constituição Federal e do Código de Ética Profissional do Psicólogo, a conivência com estruturas manicomiais e dispositivos que negam o direito de ir e vir (artigo 5º da CF/88)?


A Psicologia, como prática comprometida com a transformação social, não pode se furtar ao debate público sobre as políticas de drogas. Ao contrário, deve se posicionar de forma ética, crítica e fundamentada. Isso implica reconhecer que prevenção não é repressão. Prevenção, em uma perspectiva orientada pelos Direitos Humanos, significa garantir condições dignas de existência: acesso à educação, ao trabalho, à saúde, à moradia, à cultura e ao lazer. É oferecer possibilidades reais de escolha e de cuidado em liberdade.


Questionar o discurso “contra as drogas” também é refletir sobre o uso seletivo desse conceito na sociedade. Que drogas são criminalizadas? Que corpos são vigiados? E que substâncias são naturalizadas, legitimadas e até incentivadas em determinados contextos sociais? A crítica às políticas de drogas, portanto, precisa ser interseccional, atenta às desigualdades estruturais e ao racismo institucional.
Reafirmamos que a Psicologia não pode ser instrumento de controle, mas sim de emancipação, nosso compromisso ético-político deve estar ancorado na promoção da vida, na ampliação de direitos e na construção de práticas que respeitem a singularidade dos sujeitos. Combater o uso problemático de substâncias não pode significar combater pessoas — e sim acolher suas histórias, suas dores, suas escolhas e seus contextos.



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